Ariana Nasi| Sustentabilidade e moda: Formas de repensar o consumo

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As discussões sobre sustentabilidade e moda buscam levantar um debate sobre a produção em massa que está por trás das roupas que compramos.

Por trás dessa produção destinada a atender as demandas de consumos estão os resíduos químicos provenientes do processo. Somado a isso, temos condições análogas de trabalho escravo, com jornadas excessivas e condições precárias.

De acordo com dados da APIC, em 2015, o consumo da indústria têxtil foi de cerca de 73 milhões de toneladas. A estimativa é que esse número cresça cerca de 4% a cada ano até 2025.

O Brasil, anualmente, produz em média 175 mil toneladas de resíduos da indústria têxtil ao ano.

Anualmente, aproximadamente 300 mil toneladas de roupas são jogadas no lixo ou enviadas para doação. Em contrapartida, segundo informações da Soex, somente 20% do tecido do que é descartado é reciclado. Uma quantidade baixíssima perante a grande produção.

O modelo de consumo fast fashion

Fast fashion é um termo que surgiu na década de 1990 e significa “moda rápida”. Este designação expressa o conceito de renovação constantes de peças na indústria da moda.

O modelo de fast fashion começou na Europa com grandes varejistas e se espalhou pelo mundo todo. A ideia é entregar ao público tendências de moda em tempo recorde e com preços acessíveis.

Este consumo desenfreado vai contra às perspectivas de sustentabilidade, já que as roupas são feitas para serem substituídas rapidamente. Uma peça comprada em fast fashion é usada em média somente 5 vezes.

Atualmente, o mercado de vestuário dos EUA é o maior do planeta com aproximadamente 28% do volume total.

Mas, ter diversas coleções por ano a preços baixos tem um custo alto em países do terceiro mundo. Com efeito, é nesses lugares que as roupas são produzidas por conta do menor custo de mão de obra e da falta de regularização de condições de trabalho.

As fast fashions surgiram com uma proposta de colocar no mercado roupas para consumo rápido e com valores baixos. Mas, por trás disso, há diversos impactos sociais e ambientais.
As fast fashions surgiram com uma proposta de colocar no mercado roupas para consumo rápido e com valores baixos. Mas, por trás disso, há diversos impactos sociais e ambientais.

Para se ter uma ideia, um salário de um operário da indústria têxtil em países do terceiro mundo é de 2 a 3 dólares por dia. Isso explica o motivo de uma produção desenfreada a preços baixos.

Os impactos ao meio ambiente das fast fashions

Não é somente as condições de trabalho degradante que estão por trás da produção de fast fashions. O meio ambiente também é impactado, pois uma peça de roupa que você compra possui um longo trajeto que vai desde o plantio de algodão até o momento de descarte.

Durante o plantio do algodão, se usa agrotóxicos para otimizar a produção. Tintas e produtos químicos são usados na fabricação das peças e, por fim, tudo isso é despejado no meio ambiente no momento do descarte.

Buscar peças 100% recicláveis é uma forma de diminuir o impacto ao meio ambiente. Olhe a etiqueta da roupa antes de comprar!

Materiais sintéticos como o poliéster e naylon, por exemplo, podem até ser reciclados, mas não são biodegradáveis. Como resultado, produtos químicos e fibras minúsculas vão parar nos oceanos durante o processo de reciclagem de peças com esses componentes.

O que fazer para aliar sustentabilidade e moda?

Atualmente, se vê uma necessidade de repensar a indústria da moda e o ciclo de consumo em que estamos inseridos.

Neste sentido, a confecção precisa ser pensada de forma consciente de modo que os resíduos da indústria têxtil sejam totalmente reciclados.

É preciso repensar os padrões de consumo para se chegar a um equilíbrio entre sustentabilidade e moda.
É preciso repensar os padrões de consumo para se chegar a um equilíbrio entre sustentabilidade e moda.

Com o intuito de mudar esse panorama, grandes estilistas e marcas, como Ralph Lauren, Stella McCartney,  Versace, Michael Kors e Gucci. De certo, eles estão buscando soluções para suas peças, como o uso de tecidos orgânicos ou feitos a partir da reciclagem de materiais.

A moda sustentável surge como uma forma de conscientiza e engajar cada vez mais os consumidores em alternativas que visem a diminuição do impacto ambiental e ao consumo consciente.

Ao contrário das fast fashions, a moda ambiental busca colocar no mercado peças que possuam maior durabilidade. A proposta é que que também se faça uso prolongado.

Além disso, na produção são usados métodos menos agressivos ao meio ambiente, como aplicação de corante natural, tecidos eco-friendly, uso de material descartável e entre outras ações.

A busca pelo consumo consciente e equilíbrio entre sustentabilidade e moda

Aliada à moda sustentável que visa novas formas de produção da indústria têxtil está a moda consciente, que busca conscientizar os consumidores dos impactos socioambientais da produção em massa das fast fashions.

Ao comprar uma roupa você deve se perguntar: Preciso mesmo disso? Vou usar bastante ou quero apenas seguir uma tendência. Outra ação que pode fazer diferença é comprar roupas de brechó, o que evita que haja um descarte precoce.

É necessário pensar suas COMPRAS COM DIRECIONAMENTO em peças que realmente vão fazer a diferença. Além disso, buscar saber como foi a produção dessa peça e o material que ela é composta.

Há diversas opções de lojas que já seguem essa tendência e valorizam o handmade, ou seja, peças feitas de modo mais artesanal. Frequentemente a produção é com material ecológico e com a proposta de ter alta durabilidade. Esse processo vai em contramão da produção em massa.

Um bom exemplo de grife handmade brasileira é a estilista Martha Medeiros que utiliza em suas peças rendas feitas à mão por artesões de comunidades do Nordeste. Esta também é uma forma de resgatar a tradição das rendeiras, que estava se extinguindo.

Martha Medeiros compõe suas peças com rendas feitas no Nordeste. Uma forma de valorização do trabalho artesanal.
Martha Medeiros compõe suas peças com rendas feitas no Nordeste. Uma forma de valorização do trabalho artesanal.

Dica de documentários sobre indústria da moda e consumo

Se você se interessou por essa questão de sustentabilidade e moda e quer saber um pouco mais sobre os processos da indústria têxtil e seu impacto social e ambiental, que tal ver alguns trabalhos sobre o assunto?

O documentário francês “The True Cost” (tem na Netflix) é uma produção, dirigida por Andrew Morgan.

A fim de mostrar diversos facetas aterrorizantes do mundo da moda, o conteúdo foi gravado em diversas partes do mundo.

“The Tre Cost” fala também do desabamento de Rana Plaza, que ocorreu em 2013 em uma fábrica em Dhaka, capital de Bangladeshh.

A tragédia matou mais de 400 pessoas e poderia ter sido evitada, pois a estrutura já estava comprometida. O Rana Plaza oferecia roupas para lojas britânicas, como a Primark.

Confira o trailer:

Outro documentário interessante a esse respeito é o “Minimalismo – Um documentário sobre as coisas que realmente importam”. Esta produção fala sobre a importância de repensar o consumo e na busca da felicidade a partir de bens materiais.

A produção (que também está disponível na Netflix) é conduzida por Joshua Fields Millburn, Ryan Nicodemus. Os dois fazem uma série de entrevistas com pessoas que se adequaram ao estilo de vida minimalista.

Veja o trailer:

Ambos mostram que é preciso repensar nossas ações e nosso papel como sujeitos ativos na sociedade. Deixe um comentário falando o que achou e acompanhe nosso site para saber mais como praticar um consumo consciente!

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